cartomancia

A cartomancia está entre os oráculos “modernos”, pois sua história se confunde com a da criação do próprio baralho, por volta do século XIV, feito inicialmente através de artesãos (pinturas) o que o tornava extremamente caro e, por consequência, pertencia a uma elite, sendo considerado (pasmem!) um bem nos espólios, devido a seu valor... Posteriormente, sua escala de produção aumentou através da xilografia, porém o mesmo só se tornou difundido entre as grandes massas com o advento da indústria, séculos à frente.

Por ser relativamente recente, fruto da era vitoriana, a cartomancia não pode ser intitulada de oráculo milenar como a Astrologia, pois, comprovada historicamente, ela tem pouco mais de quatro séculos. Seus expoentes mais antigos, reconhecidos por todos, são dois cartomantes franceses: Marie Anne Adelaide Lenormand (1772-1843), conhecida como Madame Lenormand e Jean-Baptiste Alliette (1738 – 1791), conhecido como Etteilla, sendo este último também um ocultista, que divulgava outros oráculos como tarô e astrologia.


Observa-se então que os primeiros cartomantes conhecidos por nós surgem no século XVII, porém é quase certo que houvesse outros antes deles, embora não se tenha conhecimento e/ou comprovação histórica até o presente momento.

A cartomancia, assim como nós a concebemos, surgiu nas sibilas dos salões, que nada mais é que uma prática nascida entre as mulheres da era vitoriana. Um jogo nitidamente voltado, por métodos e, sobretudo pela iconografia, ao universo feminino. Sendo assim, aqui talvez caiba tecer um interessante paralelo, tendo sido a cartomancia uma invenção feminina, estaria ela diretamente ligada ao mundo da formação, a energia In, lunar, que “dá a forma”, ligada a matéria e isso corresponde enormemente ao uso cartomântico.

Qualquer cartomante, de qualquer linhagem, que utilize qualquer baralho, sabe que a cartomancia segue a linha dos “eventos factuais”, ligados ao mundo tangível (da formação = feminino), ou seja, ela não pretende ser um método que estude profundamente as questões do self, da espiritualidade ou da psique humana, pelo contrário, ela se atém ao “preto no branco”, as questões do cotidiano, aos fatos do dia-a-dia, aos eventos concretos que ocorrem em nossas vidas.

Ela responde, até determinado ponto, questões mais abstratas - única e simplesmente porque tudo está interligado em essência - embora para isso exija treino e conhecimento enormes do cartomante, porém ainda assim ela é limitada nesse ponto (um tarô seria o mais indicado, se aprofundaria muito mais e de forma mais fácil) visto que sua natureza e, portanto sua grande vocação aponta para uma coisa: FATOS. É aí que a cartomancia, pela minha experiência, supera outros oráculos.

Questões como “Ele me liga?”, “Irei viajar?” ou “Passarei na entrevista de emprego?” são muitíssimo bem respondidas pela cartomancia, porque esse é o universo dela, o mundo prático. Não digo que outros métodos não respondam, respondem, mas não com a mesma objetividade e simplicidade, já a cartomancia irá lhe responder essas questões e, sobretudo, lhe dará detalhes inesperados, não sobre a energia do momento, ou os desejos dos deuses (qualquer que seja o seu), mas sobre COMO irá acontecer, “Ele te ligará à tarde”, “irá viajar, mas não irá sozinha/na data que deseja/ para o lugar imaginado...” ou “Passará, mas seu entrevistador irá lhe dar uma má notícia a respeito da vaga”. Essa riqueza de detalhes, em termos de fatos, é o que faz da cartomancia algo especial e, acredito eu, seja a responsável pela fama “daquela cartomante que diz direitinho tudo o que vai acontecer!”.


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